
A Polícia Federal deflagrou a Operação Kampô com o objetivo de combater o garimpo ilegal de ouro na bacia dos rios Jutaí, Bóia e Igarapé Preto, no município de Jutaí, interior do Amazonas. Iniciada em 22 de julho, a ação busca conter os impactos ambientais causados pelos garimpos clandestinos, que utilizam mercúrio — substância extremamente tóxica — no processo de extração mineral.
A iniciativa conta com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Durante a operação, foram apreendidas e inutilizadas 16 dragas, além de 5 rebocadores, 2 embarcações regionais, 6 voadeiras, aproximadamente 4 mil litros de combustível, frascos de mercúrio, motores de popa, inversores, carregadores de bateria e dois sistemas de internet via satélite (Starlink). Documentos e registros encontrados no local poderão subsidiar futuras investigações para identificar os responsáveis pelas atividades ilícitas.
Além da repressão ao crime ambiental, a operação teve caráter conservacionista. Animais silvestres mantidos de forma irregular por garimpeiros foram resgatados e devolvidos à natureza. Entre eles, estavam quatro tracajás, duas tartarugas com mais de cem anos e um iaçá — todos pertencentes a espécies ameaçadas de extinção.
De acordo com a PF, os garimpos ilegais têm gerado impactos severos na fauna, flora e nas populações ribeirinhas, que dependem diretamente dos rios para alimentação e sobrevivência. Os principais danos incluem o assoreamento dos cursos d’água, o excesso de sedimentos e a poluição por mercúrio, substância que pode causar doenças graves e danos neurológicos em humanos e animais.
A Operação Kampô reforça o empenho das autoridades em proteger a floresta amazônica e enfrentar práticas criminosas que colocam em risco os recursos naturais e os modos de vida das comunidades tradicionais.