O ano de 2025 deve se consolidar como o segundo ou terceiro mais quente desde o início dos registros, segundo relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta quinta-feira (6). A atualização do relatório Estado do Clima Global foi apresentada durante a abertura da conferência global da ONU sobre o clima, realizada no Brasil.
De janeiro a agosto deste ano, a temperatura média global ficou 1,42°C acima dos níveis pré-industriais, quase igualando o recorde histórico de 2024. O documento mostra que, de 2015 a 2025, cada um dos últimos 11 anos foi o mais quente dentro do período de 176 anos de registros.
A OMM destaca que os níveis de gases de efeito estufa e o calor acumulado nos oceanos continuam em alta. O gelo marítimo do Ártico atingiu a menor extensão já registrada, e o gelo da Antártida permaneceu abaixo da média ao longo de todo o ano. O aquecimento dos oceanos, que absorvem mais de 90% do excesso de energia da Terra, tem agravado a degradação dos ecossistemas marinhos e impulsionado a elevação do nível do mar, que dobrou desde os anos 1990, chegando a 4,1 milímetros por ano.
Os eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, enchentes, secas e incêndios florestais, tiveram impacto direto nas populações e na segurança alimentar. A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, afirmou que será “praticamente impossível manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C nos próximos anos sem exceder temporariamente essa meta.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que cada ano acima desse limite “afetará as economias, ampliará desigualdades e causará danos irreversíveis.”
O relatório também aponta que o derretimento de glaciares atingiu a maior perda de gelo desde 1950, contribuindo para o aumento do nível do mar. As concentrações de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso seguem em níveis recordes, com o CO₂ atingindo 423,9 partes por milhão em 2024 — um aumento de 53% em relação ao período pré-industrial.
Apesar dos avanços em energia renovável e sistemas de alerta precoce, cerca de 40% dos países ainda não dispõem de estruturas adequadas para monitorar riscos climáticos. A OMM defende o fortalecimento dos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais para apoiar decisões baseadas em dados científicos e reduzir perdas humanas e econômicas.
Com informações da Agência Nações Unidas*





