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Análise: na “falta de química” e longe de mostrar bom futebol em 2022, Flamengo vê tetra distante

  • março 31, 2022
  • 4 min read
Análise: na “falta de química” e longe de mostrar bom futebol em 2022, Flamengo vê tetra distante

“Talvez ainda falte um pouco de química nesse sistema de jogo”. O diagnóstico de Filipe Luís após a derrota por 2 a 0 na primeira final do Campeonato Carioca ajuda a entender não somente o que aconteceu no Fla-Flu da noite de quarta-feira, mas o que tem sido esse Flamengo que mesmo quando vence está longe de convencer na gestão Paulo Sousa.

No revés que deixa complicado o caminho para o inédito tetracampeonato estadual, o Flamengo repetiu a falta de consistência de outros momentos importantes na até aqui ainda curta temporada. A derrota para o próprio Flu na Taça Guanabara e as vitórias magras diante do Vasco na semifinal ajudam a exemplificar a dificuldade que este elenco tem tido na relação entre a teoria e a prática do que o técnico português tenta implementar.

A impressão é de que o Flamengo sempre faz força demais para se manter organizado, faz força demais para cumprir as recomendações táticas, faz força demais para conseguir se mostrar dominante mesmo diante de rivais reconhecidamente inferiores tecnicamente. A análise que vai além do Fla-Flu precisa passar pela boa atuação diante do Atlético-MG na Supercopa, mas o comportamento padrão é de um time que ainda está longe da química com o 3-4-2-1 proposto pelo já não mais tão novo comandante.

A 12ª escalação em 13 jogos com Paulo Sousa pode até ser para estimular a competitividade em um elenco que está há muito tempo juntos e precisa fugir da zona de conforto, mas a resultado aponta mais para uma equipe sem sincronia nos movimentos. Parece sempre que os jogadores perdem segundos pensando no que fazer taticamente, onde se posicionar, e as ações técnicas com a bola são igualmente fora de encaixe.

Diante do Fluminense, Paulo Sousa surpreendeu ao colocar Marinho como extremo pela esquerda. Logo Marinho tão questionado pelo próprio treinador pela dificuldade de ser disciplinado taticamente. O resultado? Não deu certo. O atacante recebeu um cartão logo no começo e por várias vezes partia em diagonal, com Vitinho ocupando seu lugar pela ponta. A profundidade desejada não aconteceu e o Flamengo quase nada criou pelo setor.

No lado direito, Matheuzinho até dava opção para Everton Ribeiro, mas pecava nas decisões com a bola. Com superioridade numérica defendendo com linha de cinco, o Fluminense não viu Fábio trabalhar antes do intervalo e desceu para o vestiário com motivos para questionar a arbitragem por impedimento marcado de Cano. O VAR apontou o atacante avançado no início do lance, mas há dúvida sobre dividida entre Ganso e Filipe Luís no meio do caminho.

A volta do intervalo reservou um Flamengo ainda menos produtivo até a entrada de Arrascaeta. Com as linhas mais baixas, deixou a bola com o Fluminense em busca de espaços que não aconteceram pela armadilha criada. As duas melhores jogadas surgiram de marcação pressão com roubadas de bola de Bruno Henrique para finalizações de Pedro e depois Gabriel. E em seguida Arão fez o desarme e Arrascaeta parou em Fábio. Chances realmente reais para um time que não pode se iludir pelas 13 finalizações indicadas nas estatísticas.

Se nos guiarmos pelos números, Hugo e Fábio fizeram duas defesas cada, mas o Fluminense foi eficiente com gols em duas das outras três finalizações. O erro individual de Léo Pereira no primeiro gol condicionou a partida, isso é inegável. Por outro lado, é preciso bater na tecla de um comportamento padrão do Flamengo seja no campeonato, quando raramente conseguiu se impor, seja nos confrontos com o Tricolor, que venceu os últimos quatro com muito embate físico e contra-ataques bem tramados.

Em entrevista coletiva, Paulo Sousa disse chamar a responsabilidade para si, mas repetidamente bate na tecla dos erros individuais. A distância entre a teoria de seus pensamentos e a execução dos jogadores já indica sinais de distanciamento também na relação de parte a parte.

Faltando três dias para a final do Carioca, o Flamengo tem desafios a cumprir. E alcançar a química entre o que deseja seu treinador e o que executam seus jogadores parece ser tão difícil quanto vencer o Fluminense por três gols de diferença e conquistar o tetra.

Fonte: GE